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Contos Tradicionais do Reino Unido

Se passares lentamente o rato sobre as palavras com fundo amarelo, verás o seu significado.

Kate Quebra-Nozes

Há muito tempo, existiram um rei e uma rainha, como antigamente acontecia em muitos países. Ele tinha uma filha que se chamava Anne e ela outra chamada Kate. A primeira era muito mais bonita que a filha da rainha, mas mesmo assim as duas jovens estimavam-se como se fossem irmãs. A rainha rangia os dentes pelo facto de a filha do rei ser mais formosa e dava tratos à imaginação para descobrir uma maneira de lhe destruir a beleza. Aconselhou-se junto da vendedeira de galinhas, a qual lhe pediu que mandasse a jovem procurá-la no dia seguinte, com o estômago vazio.
Assim, na manhã imediata, muito cedo, a rainha disse a Anne:
- Vai à vendedeira de galinhas do desfiladeiro e pede-lhe dois ovos.
Anne pôs-se a caminho, mas ao passar pela cozinha viu um pedaço de pão, apoderou-se dele e foi-o mordiscando durante o percurso.
Quando chegou, pediu dois ovos à vendedeira de galinhas, como lhe fora ordenado, e a mulher indicou:
- Levanta a tampa dessa panela e olha para dentro.
A jovem assim fez, mas não aconteceu nada.
- Agora, volta para casa e diz à rainha que mantenha mais bem fechada a porta da sua despensa.
Anne regressou, pois, a casa, procurou a rainha e revelou-lhe o que a vendedeira de galinhas dissera. Ela compreendeu então que a jovem tinha comido alguma coisa, pelo que, na manhã seguinte, tomou a precaução de a enviar à mulher em jejum. Mas a princesa avistou uns camponeses que colhiam ervilhas perto da estrada e, como era muito aberta, esteve a conversar com eles, apoderou-se de um punhado e foi-as comendo pelo caminho.
Quando chegou a casa da vendedeira de galinhas, esta ordenou-lhe:
- Levanta a tampa dessa panela e olha para dentro.
Anne obedeceu, mas não aconteceu nada. A mulher irritou-se e indicou:
- Diz à tua mãe que a panela não ferve se o lume se apagou. A jovem regressou a casa e repetiu à rainha o que lhe tinha sido dito.
No terceiro dia, a própria rainha acompanhou a princesa a casa da vendedeira de galinhas. Desta vez, quando a tampa da panela foi levantada, a cabeça de Anne caiu dentro e emergiu disparada uma de ovelha. A rainha ficou finalmente satisfeita e regressou a casa. Ao vê-la, porém, a filha, Kate, pegou numa gaze fina, colocou-a em volta da cabeça da irmã, pegou-lhe na mão e partiu com ela em busca de fortuna. Fartaram-se de caminhar, até que chegaram a um palácio. Kate bateu à porta e pediu alojamento para ela e para a irmã enferma. Em seguida, entraram e souberam que se tratava da residência de um rei que tinha dois filhos, um dos quais estava acamado com uma doença mortal de cuja natureza ninguém fazia a menor ideia. E o mais curioso e estranho era que quem o velava durante a noite desaparecia para sempre. Por esse motivo, o monarca prometera entregar um quarto de fanega de prata a quem velasse o enfermo durante a noite. Ora, como Kate era uma jovem muito corajosa, ofereceu-se para o lugar.
Tudo correu normalmente até à meia-noite, mas, ao soarem as doze badaladas, o príncipe levantou-se, vestiu-se e desceu a escada. Ela tratou de o seguir, sem que ele parecesse dar-se conta da sua presença. Encaminhou-se para a cavalariça, selou o seu cavalo, chamou o cão, montou de um salto e Kate subiu cautelosamente para trás dele. Depois, cavalgaram através dos bosques. Pelo caminho, ela apanhou nozes das árvores e encheu com elas o avental. Finalmente, após um longo percurso, chegaram a uma colina verde, onde o príncipe deteve a montada e disse:
- Abre-te, colina verdejante, e deixa entrar o jovem príncipe, com o seu corcel e o cão!
- E a jovem que vem atrás dele! - acrescentou Kate.
No instante imediato, a colina abriu-se e o cavalo entrou a trote. O príncipe viu-se numa sala magnífica, resplandecente de luz, onde numerosas fadas muito belas o rodearam e conduziram ao baile. Entretanto, Kate, de cuja presença ninguém parecia aperceber-se, ocultava-se atrás do portal. Daí, viu o príncipe dançar ininterruptamente, até que ficou esgotado e caiu desfalecido num sofá. As fadas apressaram-se a rodeá-lo e a abanicá-lo, até que se reanimou e continuou a dançar.
Finalmente, o galo cantou e, de repente, ele encheu-se de pressa de se retirar. Montou no cavalo, Kate subiu atrás dele e partiram. De manhã, com os primeiros raios solares, quando foram ao quarto para ver o que acontecera, encontraram a jovem sentada junto do lume a descascar nozes. Informou que o príncipe passara uma noite calma, mas esclareceu que não continuaria naquela casa se não lhe dessem em troca um quarto de fanega de ouro.
A segunda noite decorreu como a primeira. O príncipe levantou-se à meia-noite, partiu a cavalo em direcção à colina verde e ao baile das fadas e Kate acompanhou-o e apanhou nozes pelo caminho. Desta vez, não se preocupou com os movimentos dele, pois sabia que dançaria até à exaustão. No entanto, viu uma fada criança brincar com uma varinha mágica e ouviu uma das adultas dizer:
- Três leves pancadas com esta varinha fariam com que a irmã doente de Kate voltasse a ser tão formosa como dantes.
Em face disso, Kate atirou nozes na direcção da criança, até que esta, ao tentar recolhê-las, deixou cair a varinha, que ela tratou de apanhar e guardar no avental. Quando o galo cantou, eles montaram no cavalo e regressaram a casa, como acontecera na véspera. Ao chegarem, Kate correu para o seu quarto e tocou três vezes em Anne com a varinha mágica. A cabeça de ovelha soltou-se e a jovem voltou a resplandecer de beleza.
Kate declarou que só velaria pela terceira noite consecutiva se lhe permitissem casar com o príncipe enfermo. Tudo se desenrolou como nas precedentes. Desta vez, a fada criança brincava com um pássaro, e Kate ouviu uma das adultas dizer:
- Três mordeduras nesta ave tornariam o príncipe mais saudável e alegre do que jamais foi.
Atirou todas as suas nozes à pequena, até que esta largou o pássaro, apoderou-se dele e escondeu-o no avental.
Com o canto do galo, regressaram a casa, mas, em vez de descascar as suas nozes, como costumava fazer sempre, Kate depenou o pássaro e assou-o, não tardando a exalar um odor delicioso.
- Como gostaria que me dessem um pedaço dessa ave! - exclamou o príncipe enfermo.
Kate fez-lhe a vontade, ele soergueu-se na cama e, após um momento, tomou a exclamar:
- Como gostaria que me dessem mais um pedaço dessa ave!
Ela comprazeu-o mais uma vez e ele sentou-se na cama, para proferir de novo:
- Como gostaria que me dessem um terceiro pedaço dessa ave!
Kate tomou a fazer-lhe a vontade e ele levantou-se são e forte, para se vestir e sentar junto do lume. De manhã, as pessoas que entraram no quarto encontraram Kate e o jovem príncipe a descascar nozes. Entretanto, o irmão dele vira Anne e enamorara-se perdidamente dela (como sucedia a todos os que contemplavam o belo rosto). E assim, o filho enfermo casou com a irmã sã e o filho são com as irmã enferma. Viveram todos muito felizes e morreram igualmente em felicidade.

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Mister Fox

Lady Mary era jovem e bela, com dois irmãos e mais pretendentes do que podia contar. Mas o mais atraente e galante de todos era um certo Mister Fox, que ela conhecera na casa de campo do pai. Ninguém sabia muito bem de quem se tratava, mas não subsistia qualquer dúvida quanto à sua honestidade e riqueza, e Lady Mary apreciava-o mais do que a qualquer outro admirador. Passado algum tempo, combinou-se o casamento. Ela perguntou ao noivo onde viveriam e ele descreveu o seu castelo e onde se situava, mas pediu-lhe - pormenor assaz estranho - que ninguém o fosse ver previamente.
Um belo dia, pouco antes da boda, os irmãos de Lady Mary não se encontravam em casa, e Mister Fox - pelo menos, foi o que ele disse - partira em viagem de negócios, pelo que ela decidiu visitar o castelo. Depois de muito procurar, acabou por descobri-lo. Era um edifício imponente, de aspecto sólido, com muros elevados e fossos profundos. Quando chegou à porta principal, viu inscritas nela as seguintes palavras:

Tem coragem, tem coragem.

Como estava aberta, entrou, mas não encontrou vivalma. Avançou pelo caminho que principiava à entrada e, no pórtico do edifício, deparou-se-lhe escrito:

Tem coragem, tem coragem, mas está de sobreaviso.

Continuou em frente até que desembocou no salão, subiu a larga escadaria e, uma vez na galeria, havia uma porta, com os dizeres:

Tem coragem, tem coragem, mas está de sobreaviso,
de contrário gela-se-te o sangue no coração.

Mas como era uma moça realmente corajosa, abriu a porta, e que lhes parece que viu? Um montão de cadáveres e esqueletos de jovens e belas damas cobertos de sangue. Considerou então que chegara o momento de abandonar o terrível lugar, pelo que fechou a porta, atravessou a galeria a correr e, quando se preparava para descer a escada, avistou pela janela... quem? Nada mais, nada menos que Mister Fox, que arrastava para dentro do castelo uma bela jovem. Lady Mary desceu os degraus apressadamente e ainda teve tempo de se esconder atrás de um barril de vinho antes que ele surgisse com a jovem, que parecia desmaiada.
Naquele momento, Mister Fox viu que num dos dedos dela brilhava um anel de diamantes e tentou arrancar-lho. No entanto, estava muito apertado e não o conseguiu. Soltou uma série de imprecações, puxou da espada e utilizou-a com tanta violência que decepou a mão, a qual cruzou o espaço e foi cair precisamente no regaço de Lady Mary. Ele procurou-a em todos os lados, mas não lhe ocorreu espreitar atrás do barril. Por conseguinte, acabou por prosseguir o seu caminho e continuou a arrastar a jovem em direcção ao aposento sangrento.
Quando Lady Mary o ouviu atravessar a galeria, saiu furtivamente pelo pórtico, transpôs a larga porta de entrada e regressou a casa o mais depressa que lhe foi possível.
Aconteceu que, no dia seguinte, se devia proceder à assinatura dos documentos relativos ao enlace com Mister Fox. Antes, porém, efectuou-se um requintado pequeno-almoço. Ele, que se sentava diante da noiva, olhou-a com curiosidade e observou:
- Estás hoje muito pálida, querida.
- De facto, passei uma noite má, com um sonho terrível.
- Os sonhos não são realidade - lembrou. - Mas conta-nos em que consistiu, e a tua doce voz ajudar-nos-á a passar o tempo até à hora feliz.
- Sonhei que, ontem de manhã, fui ao teu castelo situado no meio de um bosque e rodeado de muros altos e fossos profundos, em cuja porta principal estava escrito: "Tem coragem, tem coragem."
- Não é, nem nunca foi, assim - asseverou.
- E, por cima do pórtico, lia-se: "Tem coragem, tem coragem, mas está de sobreaviso."
- Não é, nem nunca foi, assim - repetiu.
- Subi uma escada larga e cheguei a uma galeria, ao fundo da qual havia uma porta com os dizeres: "Tem coragem, tem coragem, mas está de sobreaviso, de contrário gela-se-te o sangue no coração."
- Não é, nem nunca foi, assim - insistiu Mister Fox.
- Depois... depois abri a porta e vi um aposento cheio de cadáveres e esqueletos de mulheres lindas, todas cobertas de sangue.
- Não é, nem nunca foi, assim. E queira Deus que nunca aconteça!
- Depois, sonhei que cruzava a galeria a correr e, ao descer a escada, vi-te a arrastar uma jovem rica e bela.
- Não é, nem nunca foi, assim. E queira Deus que nunca aconteça!
- Desci a escada a correr e consegui esconder-me atrás de um barril de vinho antes de passares perto com a jovem. Quando me atrevi a espreitar, pareceu-me que tentavas arrancar-lhe do dedo um anel de diamantes. Como não o conseguias, vi-te puxar da espada e cortar-lhe a mão.
- Não é, nem nunca foi, assim. E queira Deus que nunca aconteça!
Mister Fox preparava-se para dizer mais alguma coisa, ao mesmo tempo que se levantava, mas Lady Mary gritou:
- Mas é e foi! Aqui tens a mão decepada como prova do que afirmo.
Puxou-a de uma algibeira do vestido e utilizou-a para apontar na direcção do interlocutor.
No instante imediato, os seus irmãos e os amigos convidados desembainharam as espadas e cortaram Mister Fox em mil pedaços.

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A história da pequena Pic-Pic

Quando a jovem Pic-Pic foi, um dia, ao bosque, caiu-lhe na cabeça uma bolota e supôs que o céu estava a desmoronar-se.
- Tenho de procurar o rei a todo o custo, para lhe comunicar que o céu está a cair. - decidiu imediatamente.
Deu meia volta e, pouco depois, cruzou-se com a senhora Put?Put.
- Aonde vai, senhora Put-Put?
Esta respondeu com prontidão:
- Ao bosque, procurar comida.
E a jovem Pic-Pic replicou:
- Não pense mais nisso. Eu estava lá, quando o céu começou a cair-me na cabeça, pelo que vou já informar o rei.
Em face disso, a senhora Put-Put deu meia volta, e acompanhava a jovem Pic-Pic, quando encontraram o senhor Quiquiriqui.
- Aonde vai, senhor Quiquiriqui?
E este respondeu:
- Ao bosque, procurar comida.
- Eu também ia lá com a mesma intenção, mas encontrei a jovem Pic-Pic, em cuja cabeça acabava de cair um pedaço do céu - explicou a senhora Put-Put. - Agora, vamos comunicá-lo ao rei.
O senhor Quiquiriqui deu meia volta e cruzou-se com a senhora Pil-Pil.
- Bom dia, senhora Pil-Pil. Aonde vai?
- Ao bosque, procurar comida.
- Eu também ia lá com essa intenção, mas encontrei a senhora Put-Put, que se tinha cruzado com a jovem Pic-Pic, a qual vinha do bosque, onde lhe tinha caído um pedaço do céu na cabeça - informou o senhor Quiquiriqui. - Agora, vamos comunicá-lo ao rei.
A senhora Pil-Pil deu igualmente meia volta e cruzou-se com o senhor Quac-Quac.
- Bom dia, senhor Quac-Quac. Aonde vai?
- Ao bosque, procurar comida.
E ela anunciou:
- Volte para trás, pois eu estava animada de idêntica intenção, mas encontrei o senhor Quiquiriqui, que, por sua vez, tinha encontrado a senhora Put-Put e esta a jovem Pic-Pic, em cuja cabeça caiu um pedaço do céu, facto que vamos agora comunicar ao rei.
O senhor Quac-Quac apressou-se a dar meia volta e, um pouco adiante, cruzou-se com a senhora Chis-Chis.
- Aonde vai tão cedo, senhora Chis-Chis?
- Ao bosque, procurar comida.
- Deixe-se disso, pois eu tinha a mesma intenção, mas encontrei a senhora Pil-Pil, que encontrara o senhor Quiquiriqui, este a senhora Put-Put e esta, por sua vez, a jovem Pic-Pic, que esteve no bosque, onde lhe caiu um pedaço do céu na cabeça, pelo que vamos todos procurar o rei para o informar.
A senhora Chis-Chis também deu meia volta e em breve se cruzou com Sir Graj-Graj.
- Pode saber-se aonde Vossa Excelência vai?
- Ao bosque, procurar comida - disse ele.
E a senhora Chis-Chis informou-o:
- Eu também ia lá, mas encontrei o senhor Quac-Quac, que tinha encontrado a senhora Pil-Pil, esta por sua vez o senhor Quiquiriqui, este a senhora Put-Put e esta, finalmente, a jovem Pic-Pic, que vinha de lá, onde lhe caiu um pedaço de céu na cabeça. Por conseguinte, vamos comunicar o facto ao rei.
Sir Graj-Graj apressou-se a dar meia volta e não tardou a deparar-se-lhe o senhor Cuá-Cuá.
- Bom dia, senhor Cuá-Cuá. Aonde vai?
- Ao bosque, buscar comida.
E Sir Graj-Graj revelou-lhe:
- Dê já meia volta, porque eu também ia para lá, mas encontrei o senhor Chis-Chis, que tinha encontrado o senhor Quac-Quac, que por sua vez se encontrara com a senhora Pil-Pil, que se cruzou com o senhor Quiquiriqui, que havia falado com a senhora Put-Put, a qual lhe comunicou que a jovem Pic-Pic estivera no bosque, onde lhe caíra um pedaço do céu na cabeça, facto que vamos transmitir ao rei.
O senhor Cuá-Cuá deu também meia volta e acompanhou Graj-Graj, Chis-Chis, Quac-Quac, Pil-Pil, Quiquiriqui, Put-Put e Pic-Pic. Enquanto percorriam a estrada surgiu o senhor Raposo-Raposo, que perguntou:
- Onde vão estas belas damas e distintos cavalheiros?
E eles responderam:
- A jovem Pic-Pic esteve o bosque, onde lhe caiu um pedaço do céu na cabeça, pelo que vamos informar o rei.
Em face disso, o senhor Raposo-Raposo indicou:
- Venham comigo, que lhes mostrarei o caminho. No entanto, conduziu-os ao seu covil, onde ele e os seus distintos filhos comeram a jovem Pic-Pic, a senhora Put-Put, o senhor Quiquiriqui, a senhora Pil-Pil, o senhor Quac-Quac, a senhora Chis-Chis, Sir Graj-Graj e o senhor Cuá-Cuá, os quais não tiveram, pois, a oportunidade de se avistar com o rei para lhe comunicar que o céu se estava a desmoronar.

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O rei dos gatos

Numa tarde de Inverno, a mulher do coveiro estava sentada junto da lareira, com Old Tom, o seu grande gato preto, ao lado, à espera, semi-adormecidos, de que o dono da casa regressasse. Por fim, entrou precipitadamente e bradou:
- Quem é Tommy Tildrum?
Estava tão enervado, que a mulher e o gato o olharam fixamente, empenhados em averiguar o que tinha.
- Que te aconteceu? - inquiriu ela. - Porque estás tão interessado nisso?
- Devias ter visto o que me sucedeu! Preparava-me para abrir a sepultura do velho Fordyce e creio que adormeci. O caso é que acordei ao ouvir o miar de um gato.
- Miau - fez Old Tom.
- Sim, exactamente desse modo! Espreitei por cima da sepultura, e que te parece que vi?
- Como queres que o saiba? - replicou a esposa.
- Imagina nove gatos pretos, todos iguais ao nosso Old Tom, com uma mancha branca no peito. E que achas que transportavam? Uma pequena urna, com uma mortalha de veludo preto por cima, e, sobre ela, uma coroa de ouro, enquanto, a cada passo que davam, gritavam em coro: "Miau!"
-Miau! - ecoou Old Tom.
- Sim, exactamente desse modo! - afirmou o coveiro. - A medida que se aproximavam, pude vê-los melhor, pois os olhos emitiam um clarão verde e fixavam-se em mim. Oito deles transportavam a urna, precedidos pelo maior, que caminhava com uma dignidade impressionante... Repara como o nosso Old Tom me olha! Até parece que entende tudo o que digo.
- Continua, continua - urgiu a mulher. - Não te preocupes com ele.
- Como dizia, avançavam com lentidão e aprumo, continuando a gritar "Miau!" a cada passo que davam.
- Miau! - tornou a repetir Old Tom.
- Sim, exactamente nesse tom, até que chegaram ao local, colocaram-se em volta da sepultura de Fordyce, mesmo diante de mim, e ficaram a olhar-me em silêncio... Mas repara no Old Tom, que não afasta a vista de mim, como eles!
- Continua, continua - estimulou a mulher. - Não te preocupes com ele.
- Onde é que ia?... Ah, já sei! Olhavam-me todos fixamente. Por fim, o que vinha à frente adiantou-se um passo e, em voz débil, juro-te que isto é verdade, disse-me: "Comunica a Tom Tildrum que Tim Toldrum morreu." Foi por isso que te perguntei se sabias quem era Tom Tildrum. De contrário, como lhe posso comunicar que Tim Toldrum morreu?
- Repara no Old Tom! - exclamou a mulher.
Ficaram ambos embasbacados, quando o gato arqueou o corpo, eriçou o pelo e bradou:
- O velho Tim morreu? Então, passei a ser o rei dos gatos!
E escapou-se velozmente pela chaminé, para não tornar a ser visto.

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Tom Tit Tot

Era uma vez, há muito, muito tempo, uma mulher que fez cinco empadas, mas, quando as retirou do forno, verificou que as tinha deixado lá tempo de mais, pelo que o revestimento estava demasiado duro para se poder comer.
Indicou então à filha:
- Coloca estas empadas na prateleira durante algum tempo, que já voltarão a estar.
Repare-se que se referia ao revestimento, o qual passado algum tempo, estaria mais mole, mas a jovem pensou: "Bom, se voltarão a estar, então como-as já." E não tardou a pôr a ideia em prática.
À hora de jantar, a mulher ordenou-lhe:
- Vai buscar uma das empadas. Suponho que já estarão...
A jovem foi lá, mas apenas viu a prateleira vazia.
- Ainda não estão - comunicou à mãe.
- Nem ao menos uma?
- Nem ao menos uma - confirmou.
- Paciência - decidiu a mulher -, estejam ou não, comerei uma ao jantar.
- Mas não podes, porque ainda não estão.
- Com certeza que posso. Traz a que estiver melhor.
- Não posso trazer a melhor nem a pior, porque comi todas. Portanto, só o poderás fazer quando voltarem a estar lá.
A mulher enfureceu-se, abandonou a mesa, pegou nos apetrechos de fiar e, enquanto trabalhava, cantarolava:
- A minha filha comeu cinco empadas! Cinco empadas num único dia! A minha filha comeu cinco empadas! Cinco empadas num único dia!
O rei, que naquele momento percorria a rua, como não conseguisse compreender os termos da canção, deteve-se e perguntou:
- Que cantiga é essa?
Como tinha vergonha de que ele se inteirasse da acção reprovável praticada pela filha, ela respondeu:
- A minha filha fiou cinco meadas! Cinco meadas num único dia! A minha filha fiou cinco meadas! Cinco meadas num único dia!
- Com a breca! - exclamou o monarca. - Nunca tinha ouvido falar de uma proeza dessas! - E acrescentou: - Bem, olha, como preciso de uma mulher, vou casar com ela. Mas presta atenção: durante onze meses por ano, dar-se-lhe-á de comer tudo o que for do seu agrado, terá todos os vestidos que desejar e toda a companhia que lhe apetecer. Mas, no mês restante, terá de fiar cinco meadas por dia, de contrário mando matá-la.
- Combinado! - assentiu a mulher, ao mesmo tempo que reflectia que se tratava de um casamento extraordinário e acabaria por descobrir uma solução para o problema das cinco meadas, embora estivesse confiada em que, até lá, o rei esquecesse o assunto.
Por conseguinte, eles casaram. Durante onze meses, a jovem esposa teve tudo o que quis para comer, todos os vestidos que pediu e toda a companhia que desejou. Como o tempo passava cada vez mais depressa, começou a pensar nas meadas e perguntava-se se o rei ainda se lembraria disso. Mas como ele nunca aludia ao facto, acabou por se convencer de que tombara no esquecimento.
No entanto, no derradeiro dia do penúltimo mês, ele mandou-a chamar e conduziu-a a um aposento que ela nunca vira, cujo único conteúdo consistia numa roca e uma banqueta.
- Bem, minha querida - disse-lhe -, a partir de amanhã, ficas aqui encerrada com algo para comer e linho. Se, à noite, não tiveres fiado cinco meadas, perderás a cabeça.
E afastou-se, para tratar de assuntos de estado. Ela ficou então dominada por um medo atroz. Sempre fora uma moça despreocupada, pelo que nem sequer sabia fiar. Que aconteceria no dia seguinte, se ninguém a ajudasse? Sentou-se na banqueta e chorou como uma desesperada.
De repente, ouviu um ruído, como se estivessem a bater à porta. Levantou-se, foi abrir, e que viu? Um magro e pequeno ser negro, com uma longa cauda, que a olhou com curiosidade e perguntou:
- Porque choras?
- Que te importa?
- Não perdes nada em me dizer porque estás tão amargurada.
- Não lucraria nada com isso.
- Isso é que tu não sabes - observou a criatura, movendo os dedos em torno da cauda.
- Muito bem - acedeu ela. - Não vou adiantar nada, mas também não posso ficar pior do que já estou.
Assim, recobrou o ânimo e descreveu o caso das empadas, meadas e tudo o resto.
- Acaba de me ocorrer uma ideia - declarou o pequeno ser.
- Virei todas as manhãs à tua janela, receberei o linho e à noite trá-lo-ei devidamente fiado.
- E que exiges em troca?
Piscou o olho e disse:
- Todas as noites, disporás de três oportunidades de adivinhar o meu nome. Se não o conseguires antes de o mês terminar, pertencer-me-ás.
Ela reflectiu que decerto seria bem sucedida até ao fim do mês, pelo que concordou.
- Óptimo! - exclamou o pequeno ser, e gostava que vissem as voltas que dava à cauda!
Na manhã seguinte, o marido conduziu-a ao aposento onde se encontrava o linho e a comida para esse dia e lembrou-lhe:
- Se não o tiveres fiado todo até à noite, perderás a cabeça. - E afastou-se, depois de fechar a porta à chave. Pouco depois, soaram leves pancadas na janela. A jovem levantou-se, abriu-a e deparou-se-lhe o pequeno e bizarro ser, empoleirado no peitoril.
- Onde está o linho?
- Aqui o tens. Quando começava a anoitecer, tornaram a bater nos vidros da janela. Ela foi abrir e, com efeito, a pequena e bizarra criatura trazia cinco meadas sobre o braço.
- Aqui estão - anunciou, entregando-lhas. - Como me chamo?
- Bill? - aventurou ela.
- Não, não é Bill - replicou ele, agitando a cauda em todas as direcções.
- Ned?
- Também não - replicou, agitando a cauda em todas as direcções.
- Então, só pode ser Mark.
- Nem pensar.
Ele agitou ainda mais a cauda e retirou-se.
Quando o marido chegou, ela mostrou-lhe as cinco meadas.
- Bem, reconheço que não tenho motivos para te matar, esta noite. Amanhã, receberás a comida e linho para esse dia.
Continuaram a levar-lhe o linho e a comida, com a visita diária do pequeno ser de manhã e à noite. Entretanto, a jovem passava o tempo a tentar decidir que nome proferiria no final de cada dia, mas nunca acertava. A medida que o fim do mês se aproximava, ele olhava-a com malícia crescente e a agitação da cauda recrudescia ante as tentativas, infrutuosas, para adivinhar o nome.
Por fim, chegou o penúltimo dia. O duende apareceu à noite com as cinco meadas e perguntou:
- Descobriste como me chamo?
- Será Nicodemos?
- Não, não é Nicodemos.
- Samuel?
- Também não.
- Então, tem de ser Matusalém.
- Nem por sombras.
Em seguida, olhou-a com intensidade e pronunciou as seguintes palavras:
- Só falta a noite de manhã, e serás minha!
E retirou-se.
Nem imaginam como a jovem ficou alarmada. De repente, porém, ouviu aproximar-se o rei, que, pouco depois, entrava. Ao ver as cinco meadas, declarou:
- Bem, minha querida, estou a ver que amanhã também terás completado as cinco meadas, pelo que não haverá motivos para te mandar matar. Por conseguinte, quero jantar contigo aqui, esta noite.
Foi servido o jantar, depois de trazerem outra banqueta para ele, e sentaram-se à mesa.
O monarca apenas introduzira a primeira garfada na boca, quando começou a rir.
- Que se passa? - quis saber ela.
- E que, quando fui à caça, hoje, entrei numa área do bosque onde nunca tinha estado e havia uma mina de cal, da qual provinha uma espécie de murmúrio. Apeei-me do cavalo, aproximei-me sem produzir o menor ruído e espreitei. Sabes o que se me deparou? O ser negro mais pequeno e gracioso que vi até hoje. Calcula o que fazia. Estava sentado diante de uma pequena roca e fiava maravilhosamente depressa, ao mesmo tempo que agitava a longa cauda em todas as direcções e cantava:

Nimmy, nimmy, not
O meu nome é... Tom Tit Tot.

Quando ouviu estas palavras, a jovem conteve-se com dificuldade de dar pulos de alegria, e manteve-se quieta e calada.
Na manhã seguinte, à hora de ir buscar o linho, a pequena criatura olhou para dentro descaradamente. E, quando anoitecia, ela ouviu que a chamavam do outro lado da janela. Abriu-a e o minúsculo ser saltou imediatamente para o peitoril e entrou. Exibia um sorriso trocista de orelha a orelha, e com que rapidez agitava a cauda!
- Como me chamo? - perguntou, enquanto entregava as meadas.
- Salomão? - disse ela, fingindo-se apreensiva.
- Não, não é Salomão - replicou ele, avançando alguns passos.
- Zebedeu?
- Também não.
- Agitou a cauda tão depressa, que quase não se via.- Não te precipites. Mais uma oportunidade e ficarás a pertencer-me - acrescentou, estendendo as mãos negras para ela.
A jovem recuou dois passos, olhou-o em silêncio por um momento e pôs-se a rir, ao mesmo tempo que cantarolava:

Nimmy, nimmy, not
O teu nome é... Tom Tit Tot.

Quando ouviu estas palavras, a pequena criatura emitiu um guincho e, de um salto, desapareceu na escuridão. Ela nunca mais o voltou a ver.

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Capa de Juncos

Era uma vez um homem abastado que tinha três filhas. Um belo dia, lembrou-se de comprovar até que ponto o estimavam e perguntou à primeira:
- Gostas muito de mim, querida?
- Tanto como da minha própria vida.
- Assim é que me agrada ouvir. - E perguntou à segunda: -Gostas muito de mim, querida?
- Mais do que tudo neste mundo.
- Assim é que me agrada ouvir. - E dirigiu-se à terceira: - Gostas muito de mim, querida?
- Tanto como a carne tenra gosta do sal.
Sim, foram estas as palavras da jovem. E nem fazem uma ideia de como ele ficou fulo!
- Não gostas absolutamente nada de mim! - bradou. - Por conseguinte, não há lugar para ti nesta casa!
Acto contínuo, pô-la na rua e fechou-lhe a porta na cara. Ela fartou-se de andar até que chegou a um bosque, onde reuniu um monte de juncos, com os quais confeccionou uma espécie de vestido e um capucho para se cobrir da cabeça aos pés e ocultar as roupas elegantes que usava. Depois, continuou a caminhar, até que bateu à porta de uma casa sumptuosa.
- Precisam de uma criada? - perguntou.
- Não, estamos servidos - foi a resposta seca.
- Não tenho para onde ir. Não peço qualquer salário, e executo toda a espécie de trabalhos.
- Bem, se queres lavar loiça e panelas, podes ficar.
A jovem foi, pois, admitida para as tarefas menos agradáveis da faina doméstica. E, como não disse como se chamava, tratavam-na por Capa de Juncos.
Um dia, realizou-se perto dali uma grande festa, com baile, àqual os serviçais podiam assistir. No entanto, Capa de Juncos disse que estava demasiado cansada para acompanhar os outros e ficou em casa. Mas, quando se encontrou só, despiu a capa de juncos, arranjou-se e foi ao baile, onde se tornou notada por ser quem melhor trajava.
E quem estava lá senão o filho do seu amo? E que fez ele senão enamorar-se dela no instante em que a viu pela primeira vez? Na verdade, não quis dançar com mais ninguém.
Mas, antes de o baile terminar, ela retirou-se sem dar nas vistas e regressou apressadamente a casa. Quando as outras criadas chegaram, já voltara a vestir a capa de juncos e fingia que dormia.
Na manhã seguinte, disseram-lhe:
- Nem imaginas o que perdeste, Capa de Juncos!
- O quê? - perguntou ela, fazendo-se de novas.
- A senhora mais formosa que jamais se viu, com um vestido verdadeiramente deslumbrante e elegante. O nosso amo não lhe tirava os olhos de cima.
- Sim, teria gostado de a ver.
- Esta noite, há outro baile, e ela talvez apareça.
Mas, quando anoiteceu, Capa de Juncos alegou cansaço excessivo para poder acompanhar as colegas. No entanto, assim que partiram, despiu a capa de juncos, arranjou-se e foi ao baile.
O filho do amo estava a contar tomar a vê-la e não dançou com mais ninguém, nem conseguia tirar-lhe os olhos de cima. Mas,
antes de o baile terminar, ela retirou-se sem dar nas vistas e regressou apressadamente a casa.
Quando as outras criadas chegaram, já voltara a vestir a capa e fingia que dormia.
Na manhã seguinte, voltaram a dizer-lhe:
- Devias ter estado lá para veres a bela dama! De novo elegante como na véspera, e o nosso amo não lhe tirava os olhos de cima.
- Que pena! Teria gostado de a ver!
- Logo à noite, volta a haver baile. Tens de ir, pois é quase certo que ela há-de comparecer.
Mas, quando anoiteceu, Capa de Juncos alegou cansaço excessivo para poder acompanhar as colegas. No entanto, assim que partiram, despiu a capa de juncos, arranjou-se e foi ao baile.
O filho do amo regozijou-se quando a viu. Não dançou com outra mulher, nem lhe tirava os olhos de cima. Como ela se recusou a divulgar o nome e origem, ele ofereceu-lhe um anel e declarou que, se não a tomasse a ver, morreria. Todavia, antes de o baile terminar, Capa de Juncos escapou-se e regressou a casa.
Quando as criadas chegaram, já voltara a vestir a capa de juncos e fingia que dormia.
Na manhã seguinte, perguntaram-lhe:
- Porque não vieste connosco, ontem? Agora, já não poderás ver a bela dama, pois os bailes terminaram.
- Sim, teria gostado muitíssimo de a ver!
O filho do amo fez o impossível para averiguar o paradeiro da deslumbrante mulher, mas, por mais que perguntasse, não conseguia apurar o menor indício. Entretanto, emagrecia e definhava a olhos vistos, consumido pelo amor por ela, até que teve de recolher à cama.
- Prepara um puré de aveia para o nosso amo mais jovem -indicaram à cozinheira. - De contrário, morre de nostalgia pela mulher amada.
A cozinheira concentrava-se na confecção do puré, quando Capa de Juncos entrou.
- Que estás a fazer? - perguntou.
- Um puré de aveia para o nosso jovem amo e evitar que morra de nostalgia pela mulher amada.
- Eu trato disso.
A princípio, a cozinheira recusou, mas acabou por transigir, pelo que Capa de Juncos preparou o puré de aveia. No final, antes que a outra o levasse ao enfermo e sem que se apercebesse, depositou nele o anel.
O jovem removeu o puré com a colher, viu o anel no fundo do prato e ordenou:
- Chamem a cozinheira.
Quando esta se achou na sua presença, perguntou-lhe:
- Quem preparou este puré de aveia?
- Fui eu - disse ela, com receio de revelar a verdade.
Ele olhou-a com intensidade e replicou:
- Não, não foste tu. Diz-me quem foi, e garanto-te que não te acontecerá nada.
- Muito bem. Foi Capa de Juncos.
- Diz-lhe que venha.
Quando a jovem entrou no quarto, ele inquiriu:
- Foste tu que preparaste o puré de aveia?
- Sim, fui eu.
- Onde foste buscar o anel?
- Deram-mo.
- Quem és, na realidade?
- Vou elucidar-te.
Com estas palavras, ela despiu a capa de juncos e apresentou-se com as suas elegantes roupas.
Talvez não acreditem, mas o seu jovem amo curou-se imediatamente e quis casar com ela sem a mínima demora. Seriam uns esponsais invulgares, pelo que convidaram toda a gente, tanto quem vivia perto como longe. Por conseguinte, o pai de Capa de Juncos foi incluído, sem que, todavia, ninguém lhe dissesse quem era a noiva.
Antes da boda, a jovem procurou a cozinheira e ordenou-lhe:
- Quero que prepares toda a comida sem uma pedra de sal.
- Mas vai ficar horrivelmente insípida - disse a mulher.
- Não importa.
- Muito bem.
Uma vez consumada a cerimónia, todos foram ocupar os seus lugares para o banquete.
Quando provaram a carne, estava tão insípida que não a puderam comer.
No entanto, o pai de Capa de Juncos provou uma das iguarias e depois outra e começou a chorar.
- Que se passa? - quis saber o noivo.
- Eu tinha uma filha à qual perguntei se me estimava muito e respondeu que me apreciava tanto como a carne tenra precisa do sal. Expulsei-a de casa, porque pensei que isso era uma prova de que não me dispensava o menor afecto. Compreendo agora que era a que mais me estimava. E talvez morresse sem o meu conhecimento.
- Não, pai, aqui me tens - disse Capa de Juncos, que correu para ele e o abraçou.
A partir de então, foram todos muito felizes.

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